Quando os outros têm voz: a construção de metodologia qualitativa das políticas sociais no campo das pessoas com deficiência

Abstract

Construir uma metodologia qualitativa da implementação das políticas sociais, seja em sua formulação, seu acompanhamento e sua avaliação, tendo como foco as desenvolvidas junto às pessoas com deficiência, foi objeto do desenvolvimento de uma pesquisa-ação desenvolvida na cidade de Campinas/SP/Brasil. Para tal, o reconhecimento de que as próprias pessoas com deficiência são capazes de se expressarem na primeira pessoa, sem intermediações instituições ou parentais, instituiu-se como um pressuposto incondicional. Pretende-se apresentar, neste trabalho, os procedimentos metodológicos, fundamentais, que subsidiaram a construção do instrumental de avaliação.

Priorizou-se, como elementos constitutivos da análise, pesquisar junto aos segmentos de pessoas com deficiência -intelectual, física e sensorial, da cidade de Campinas/SP, dados concretos de suas vidas na condição de "diferentes", retratando o cotidiano destas pessoas na utilização de diferentes equipamentos sociais -da educação, da saúde, da cultura, do transporte e do meio urbano. A partir de suas vivências, as políticas públicas foram avaliadas, considerando se os atendimentos as atendia, de maneira quantitativa e qualitativa, assim como com o cotejamento da aplicabilidade da legislação específica relacionada à essa população. Produziu-se dois importantes instrumentos, o primeiro foi a produção, com os diferentes segmentos participantes, de um Documento-Síntese: A Cidade e os Sujeitos Políticos, contendo indicadores de qualidade da atenção às pessoas com deficiência e orientação de propostas e avaliações de políticas públicas nesta área.

O segundo produto foi a produção de seis vídeos-documentários: Diversidade e Exclusão: Realidades e Utopias; Diversidade e Cidadania; Educação -Faces e Disfarces; Saúde: Por uma Vida Melhor; Conviver e Locomover; Cultura, Esporte e Lazer: Qualificar a Vida, a constituição de seus roteiros visaram poder retratar, a partir dos relatos das pessoas com deficiência, as teias das relações humanas, a condição cidadã de seus cotidianos, a construção da coletividade, da identidade social, suas visibilidades como sujeitos de direitos - civis, sociais e políticos, enfim, da dignidade de suas vidas.