O papel da escola no desenvolvimento local
Abstract
O quadro novo e contraditório de um mundo globalizado que vive novas complexidades sociais geradas pela internacionalização do capital e massificação do consumo. Um mundo em que os Estados Nacionais perdem legitimidade e eficacia administrativa, tendo que ceder partes de seu poder decisório para a sociedade civil. Essa nova realidade aponta para a grande questão desde início de milenio: o poder local. Discutir sua efetividade, seus limites, seu papel ideológico e sua função política são os maiores desafíos atuais. Nesse quadro novo e contraditório é que se inserea discussão sobre o papel das administrações municipais participativas, como uma nova estratégia política, capaz de forjar um novo conceito de governabilidade, que extrapola os limites da instituiçãoprofissional e burocrática do Poder Executivo, estendendo-se para a sociedade civil. A participação popular passa a ser, cada vez mais, condição para a eficiencia administrativa e manutenção da governabilidade. Torna-se fundamental que a ação política contemple, no seu trabalho, a capacitação da população, no sentido de constituí-la como parceira no proceso de gestão. Parceria que se expande com a ampliação do acesso à escola pública de ensino fundamental, aliada às novas orientações pedagógicas, que propõem avanços no sentido de buscar sua identidade e autonomía, através de uma vinculação orgánica com a comunidade e do exercício de um prática cidadã. Nosso pressuposto é que nessas administrações a escola poderia ocupar um papelmuito mais significativo do que tem tido até agora para promover o desenvolvimento local. São numerosas as experiências quevem se desenvolvendo no Brasilsempre a partir do conceito de território hidrográfico ou bacias hidrográficas, onde se focalizam os processos de participação geridos a partir da escola nos quais, não sòmente se convoca a comunidade escolar mas se mobilizam numerosos atores sociais com incidencia nestes territórios. Assim, essa perspectiva aponta para temas curriculares e projetos educacionais que tendam a aproximar a escola da comunidade e dos seus problemas, construindo uma interação que nunca existiu. O novo ponto de partida dos estudos e pesquisas escolares passa a ser a própria vida da comunidade, isto é, a situação ambiental do entorno da escola, a saúde pública, os problemas de violência, drogas e marginalidade, manifestações culturais, habitação, transporte, enfim, temas que integram o seu cotidiano. Abre-se, portanto, todo um leque de interação com a comunidade, onde a escola poderá vir a ocupar um papel extremamente relevante, na formação da consciencia e da prática participativa pois ensina a escutar o outro, a analizar as potencialidades do territorio e a repensar um futuro comum entre todos os atores territoriais sem deixar de levar em conta sua especificidade, de ser um canal de conhecimento. Os alunos, sensibilizados com a realidade de sua comunidade podem produzir mudanças e integrar-se na busca de soluções para os problemas produtivos, ambientais ou sociais de sua comunidade. O Projeto Fonte da Vida desenvolvido com oFundo Estadual de Recursos Hídricos em São Paulo, é um exemplo dessa nova nova concepção ampliada de educação onde se ultrapassa a visão puramente instrumental, considerada como a via obrigatória para obter certos resultados (saber-fazer, aquisição de capacidades diversas, fins de ordem econômica), e se passa a considerá-la em toda a sua plenitude: realização da pessoa que, em sua totalidade, aprende a ser: intervindo, debatendo, decidindo, ocupando e conquistando espaços para participar ou seja, tomando parte nos processos de desenvolvimento coletivo.