Políticas públicas de educação: aspectos da capacidade de gestão descentralizada nos municípios do Rio de Janeiro

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Date
2009-10Author
Nazareth, Paula Alexandra Canas de Paiva
Nunes, Wanda Claudia Galluzzi
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Os municípios brasileiros vêm assumindo, no período recente, um papel de destaque na oferta de ensino público fundamental, que compreende nove anos da vida do estudante. Este fenômeno é resultado de alterações legais que promoveram a descentralização da gestão nesse nível educacional, transferindo para os entes locais não apenas um significativo conjunto de atribuições, mas também uma crescente participação no total de recursos destinados à educação. No estado do Rio de Janeiro, os municípios, tradicionalmente, já respondiam por grande parte das matrículas na rede pública fundamental, o que tornou o processo menos acentuado neste ente federativo. De qualquer forma, a ampliação da rede de ensino e o aumento da capacidade financeira podem não assegurar uma melhora efetiva na educação pública, em virtude, entre outros fatores, de dificuldades de gestão no nível local. Por isso, a fim de verificar eventuais impactos do processo de descentralização sobre o desempenho do ensino nos municípios fluminenses, este trabalho analisa quatro dimensões deste processo: o aspecto legal, o financeiro, o institucional e o de desempenho. As análises utilizaram dados relacionados à gestão e à coordenação de esforços com outros segmentos da sociedade (indicadores produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE); às receitas e despesas municipais e aos resultados alcançados em avaliações nacionais dos sistemas de ensino (indicadores produzidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP). Concluiu-se que (1) houve um maior aporte de recursos financeiros aos municípios fluminenses, corroborando a ocorrência do efetivo processo de municipalização, inclusive da educação; (2) indicadores de capacidade institucional dos municípios fluminenses na área da educação mostraram-se favoráveis quando comparados aos mesmos indicadores médios apurados para a região Sudeste e para o Brasil; (3) indicadores de desempenho do sistema educacional dos municípios fluminenses na área da educação mostraram-se desfavoráveis quando comparados aos indicadores médios apurados para a região Sudeste. Diante dessas constatações, formulou-se a hipótese de que uma maior capacidade institucional, ao menos em termos quantitativos, pode não assegurar uma melhora no desempenho da educação no nível estudado. Este quadro apontou para a importância de uma investigação adicional acerca da qualidade e da efetividade da atuação dos arranjos institucionais disponíveis (Conselhos, instrumentos de articulação interinstitucional, planos etc.), de modo a permitir um diagnóstico mais preciso dos fatores que influenciam os resultados observados.