O desenvolvimento é necessariamente um processo deÿconcertação

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Date
2009-10Author
Albuquerque, Esther Bemerguy de
Silva, Maria Luiza Falcão
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Inúmeros analistas têm examinado as profundas consequências que a implantação em âmbito global do projeto neoliberal trouxe para as sociedades modernas. Este artigo se propõe resgatar a trajetória da problemática do desenvolvimento brasileiro à luz dos estudos do Professor Celso Furtado, reconhecido mundialmente como um dos principais economistas e pensadores sociais, não apenas pela amplitude de suas contribuições, mas pelo seu pioneirismo no tratamento das questões relativas ao desenvolvimento econômico e social, entendido como um processo que produz distribuição da renda e da riqueza e é fruto da vontade do povo. Desenvolvimento que se distingue de um simples crescimento da economia, medido essencialmente por indicadores econômicos, porque pressupõe o avanço dos indicadores sociais. O resgate do debate sobre o desenvolvimento nos conduz ao exame de suas modalidades políticas mais recentes onde está inserida a participação dos Conselhos Econômicos e Sociais e de forma mais explícita do Conselho Econômico e Social do Brasil - CDES, que surge junto com o despertar do novo século - o Século XXI. Do ponto de vista analítico, o artigo procura mostrar o deslocamento conceitual produzido pela incorporação do tema das estruturas de governança e dos mecanismos de regulação social. Do ponto de vista empírico, analisa o perfil das intervenções fundadas na lógica da concertação social usando como exemplo o caso da atuação do CDES. No nosso entendimento, a atuação do CDES éÿuma experiência profundamente inovadora em uma sociedade caracterizada pela prevalência de uma cultura elitista e de práticas autoritárias e em um cenário onde, mesmo em períodos democráticos, os grupos de interesse mais poderosos sempre tiveram canais privilegiados de circulação de suas demandas no interior do aparelho de Estado. Contudo, reconhecem as autoras, ainda estamos distante da construção de uma estratégia nacional de desenvolvimento pactuada, para cuja implementação os diversos atores sociais (governo, empresários, trabalhadores, ONGs, acadêmicos, etc) sejam capazes de agir de forma coordenada e concertada, apesar dos conflitos internos inerentes aos diferentes segmentos, no contexto de uma economia globalizada que agoniza para livrar-se da mais severa crise econômica e social vivenciada pelo mundo desde a crise dos anos 30 do século passado.