A gestão por resultados no sector da saúde: o caso dos hospitais
Abstract
Da influência da Nova Gestão Pública na reforma administrativa em Portugal, e da introdução da medição do desempenho e dos respectivos indicadores, constatamos que no sector da saúde tem sido utilizado o Tableau de Bord para medir o desempenho dos hospitais públicos desde 2003 - momento em que se procedeu à privatização de 31 hospitais que até então estavam integrados no Sector Público Administrativo. Subjacente a estes actos deparamo-nos com a crença de que, uma vez introduzidas as ferramentas da gestão privada nas organizações públicas, o desempenho organizacional irá melhorar. Resultante destes factos temos como objectivo geral conhecer o impacto que a adopção do Tableau de Bord teve nos 31 hospitais privatizados em 2003. Para além disso, procuraremos perceber em que medida os resultados são influenciados pelas valências, ou sub-unidades de produção, dos hospitais. Seguidamente, procuraremos saber em que medida o tipo de hospital, se especialista ou generalista, influencia o Indicador Global de Eficiência. Por fim, analisaremos a relação que se estabelece entre a densidade populacional e o Indicador Global de Eficiência de cada hospital. Para tentar perceber a relação que existe entre estas variáveis faremos uso da análise de regressão e do modelo sem constante para verificar qual o impacto que cada uma dessas variáveis tem no Indicador Global de Eficiência (a variável dependente). Depois de verificada a correlação entre as variáveis, faremos a aplicação do teste do qui-quadrado para medir o grau de associação entre as variáveis apuradas. Da aplicação daquelas ferramentas concluímos que o Tableau de Bord não melhorou o desempenho das organizações hospitalares e que o grau de heterogeneidade afecta a eficiência organizacional. Contudo, não se confirma a hipótese de que a existência de economias de escala resulta numa maior eficiência; e, mesmo não existindo uma associação estatisticamente significativa, avançamos que, existindo uma maior densidade populacional, são maiores os níveis de eficiência organizacionais.