Novos modelos organizacionais no sector da saúde
Resumo
Esta investigação tem como tema novos modelos organizacionais no sector da saúde. Pretendemos analisar as implicações deste tipo de estrutura organizacional, nas redes de franchising. Os resultados desta pesquisa podem ajudar a clarificar o conhecimento do franchising e as suas implicações, em termos de comportamento organizacional, nas redes de serviços e, em particular, numa rede de saúde e bem-estar. Integrando-se na temática de contexto-práticas-desempenho, pretende-se definir um modelo teórico que explique a importância do multifranchising e dos comportamentos adversos nas redes de franchising. Esta investigação visa contribuir para o debate sobre os efeitos económicos das restrições verticais, muitos dos quais, são utilizados nos contratos de franchising e têm implicações na estrutura e comportamento organizacional. O modelo teórico proposto analisa o franchising, enquanto opção estratégica destas redes. Esta forma de organização combina elementos de mercado com elementos de integração vertical, na estrutura interna das organizações, tornando-as mais eficientes sob certas condições. A análise das diferenças de comportamento das empresas de franchising, com base nas políticas adotadas numa rede, pode ajudar a impulsionar a competitividade empresarial. Com base nos dados obtidos nesse estudo longitudinal, aplicámo-lo num setor de saúde e bem-estar que com origem em Espanha opera em Portugal, desde 2008 até 2012. Para este estudo, operacionalizámos quatro constructos, ou variáveis latentes: a concentração geográfica dos estabelecimentos, o tamanho da rede de franchising, o crescimento da cadeia e o tipo de setor em função da clientela ser ocasional ou repetitiva. Estes constructos são traduzidos em quatro hipóteses, formuladas na investigação. O modelo operacionaliza a grande questão da investigação - analisar o efeito dos fatores contextuais /organizacionais na implementação do franchising e a implementação dessas práticas de gestão, no desempenho das redes. As variáveis e o modelo são validados por dois instrumentos de pesquisa: através de um inquérito, construído para o efeito, a uma amostra de empresas de serviços que utilizam o multifranchising, obtida através das associações de franchising a funcionar na península ibérica e através de uma entrevista, em profundidade, a uma empresa de franchising em serviços de saúde e bem-estar. Na primeira situação foi utilizado um modelo Tobit, confirmando-se o interesse do modelo e a verificação dos objetivos desta investigação. Na segunda decidimos partir para a pesquisa, realizando um estudo de carácter qualitativo, que nos permitiu, no desenvolvimento da análise, proceder a uma retrospetiva sobre a experiência dos franchisados, analisando e comparando os dados obtidos em 23 centros de saúde e bem-estar, com as práticas no desempenho da rede de franchising. Foram recolhidos dados, privilegiando como técnica central, a entrevista semiestruturada. A análise estatística dos resultados e os dados recolhidos da entrevista, permitem concluir que as empresas de franchising devem implementar práticas de mecanismos de gestão, no desenvolvimento das redes e das unidades próprias, evitando o oportunismo (free-riding) e a seleção adversa.