O papel da unidade de processamento tecnopolítico no gabinete do dirigente: o sistema de suporte ao processo de decisões de uma organização segundo o planejamento estratégico situacional
Abstract
O Gabinete do Dirigente é o centro nervoso de uma organização, Carlos Matus quando desenvolveu sua metodologia dedicou especial atenção aos sistemas de suporte a esse local, pois a qualidade do mesmo condiciona os demais sistemas estratégicos dessa organização. Dentre os sistemas de suporte propostos por Matus, destaca-se a UPT - Unidade de Processamento Tecnopolítico. O principal objetivo deste dispositivo é o de apoiar o dirigente na tomada de decisões estratégicas que marcam a direcionalidade da organização. Não se trata de um simples sistema de suporte para as decisões rotineiras, mas de uma unidade especializada que funciona de um modo similar a de um Estado Maior, no âmbito militar. Os sistemas de suporte às decisões estratégicas cumprem um importante papel no processamento tecnopolítico da direcionalidade de uma organização, cabe a UPT orientar os demais sistemas estratégicos e fazer a leitura política dos resultados do processo que alimentará a agenda especial da Alta Direção da organização. Existem experiências notáveis em países como Grã-Bretanha, Austrália e Canadá, onde os Primeiros-Ministros recebem apoio de grupos especialmente criados para assessorá-los na criação e manejo de políticas públicas. Estes grupos têm em comum a missão de "pensar como atuará o dirigente frente ao problema político colocado", e sintetizar as distintas perspectivas e alternativas para que fundamentarão a decisão traduzida em ações concretas. Esta missão foi bem descrita pelo professor David Kemp, integrante da unidade de apoio ao Primeiro Ministro Fraser da Austrália, quando enfatizou que o Privy Council Office (Oficina do Conselho do Primeiro Ministro) tem como função "oferecer insumo político para entender problemas desde o ponto de vista do Primeiro Ministro. O Privy Council Office foi desenhado para fazer o que o Primeiro Ministro faria se tivesse tempo". Diferentes ferramentas metodológicas foram desenvolvidas por Carlos Matus para a operação da Unidade de Processamento Tecnopolítico (UPT), dentre elas se destaca a Análise Estratégica. Esse recurso é fundamental para a gestão política da organização, pois permite a efetividade no jogo político e social que essa atua. Ademais é o ponto focal do processo de tomada de decisões, pois centraliza a visão estratégica e a direcionalidade planejada para que a organização cumpra com a sua missão institucional. Cumpre ainda a importante missão de realizar o Balanço Global de Gestão, mecanismo crucial para o sucesso de uma organização planejada com Planejamento Estratégico Situacional (PES).