Técnicas quantitativas de apoio à decisão: racionalidade técnica em contexto político
Abstract
O processo de decisão lida, quase sempre, com a necessidade de harmonizar interesses conflituantes de forma a obter o maior ganho possível, em função dos critérios centrais a essa mesma decisão. As técnicas de análise quantitativa podem dar um importante contributo, trazendo objectividade e racionalidade técnica a um contexto que é por natureza ambíguo e onde o decisor está sujeito a múltiplas pressões. O facto das técnicas quantitativas darem, obrigatoriamente, uma visão aproximada da realidade - é impossível construir um modelo onde não existam simplificações da realidade - torna-os permeáveis à subjectividade de quem os aplica. Contudo, este problema pode ser ultrapassado - ou pelo menos minorado - através da confrontação de diferentes modelos e dos pressupostos assumidos na sua construção. A componente subjectiva que existe em qualquer modelo quantitativo faz com que os seus resultados não devem ser tomados como verdades absolutas, mas apenas como mais um elemento a ser tido em conta no processo de tomada decisão. Este artigo procura alertar os decisores para a importância que a análise mais objectiva e racional das técnicas quantitativas pode ter nos processos de decisão, tornando-os menos sensíveis à subjectividade de quem decide e à pressão dos grupos de interesse envolvidos. Contudo, simultaneamente, procura alertar os decisores para o risco de tomar os resultados destas análises como verdades inquestionáveis, ignorando a subjectividade que inevitavelmente lhes é inerente. Uma utilização habilidosa destas ferramentas pode ser a melhor forma de mascarar a influência de um determinado grupo de pressão, podendo o decisor ser enganado pela pretensa objectividade e inquestionabilidade dos resultados.