Cidadania e sociedade do conhecimento: do princípio da realidade ao princípio da possibilidade
Resumen
Esta Comunicação visa ponderar o Direito à Cidadania na Sociedade do Conhecimento, na perspectiva da implementação das políticas públicas que garantam a universalização desse direito, bem como a especificação do perfil com que tais políticas se possam adequar às circunstâncias da sociedade portuguesa e ao quadro de referências que a universalizam. Às teses em que nos fundamentamos subjaz o entendimento da viabilidade dessa perspectiva desde que os poderes políticos assumam a necessidade de integrar no acesso a tais direitos a extensa mole de excluídos das práticas de cidadania pela iliteracia multiforme que os impede de formar opinião muito menos conhecimento dos assuntos com que se deparam. Reverter essa situação implica a capacidade de definir uma estratégia de formação ao longo da vida centrada na própria aprendizagem do empowerment e no reconhecimento do conhecimento tácito (emergente do senso comum) como conhecimento permeável à inter-acção iterativa com o regime do conhecimento explícito (elaborado pelas comunidades científicas), desde que a interacção tenha por fundamentos a identificação de espaços-problema permeáveis aos percursos de formação-investigação -acção "percorridos" com o objectivo partilhado do encontro de soluções apreendidas nos contextos das comunidades em presença. A produção do Observatório do Cidadão, na fase de desenvolvimento em que o seu Projecto - âncora se encontra, pretende constituir uma ferramenta para esse efeito, procurando estimular a universalização do acesso social às práticas da cidadania e por essa via confrontar os usuários do Observatório com a necessidade de conceberem soluções para os problemas no decurso da aprendizagem dos mecanismos que os produzem. A chave deste entendimento é a de que a observação consistente da realidade constitui o ponto de partida para a abertura ao pensamento crítico e à disponibilidade para uma aprendizagem em ambiente de formação colaborativa, construída de modo a permitir aos observadores, enquanto sujeitos implicados nessa observação e em tal aprendizagem, a possibilidade de se posicionarem cognitivamente perante a realidade captada e de tomarem opções sobre alternativas que a propósito dela se lhes coloquem. O Projecto-âncora parte do princípio de que formar profissionais para o garantir, a partir da dotação de que o país dispõe em recursos humanos é uma responsabilidade da Sociedade do Conhecimento e das suas instituições e práticas tecnológicas e metodológicas, em contexto de solidariedade inovadora. Por seu turno, o projecto específico do Observatório, situado no âmago do abrangente, institui-se com base numa parceria institucional que alia a esta postura de I&D uma Autarquia Local, a qual participa da produção e desenvolvimento do Observatório com os recursos que mobiliza no sentido de se assumir como entidade de incubação de cidadania activa e inclusiva com impactos explícitos nas restantes valências do modelo de sítio de que o projecto é titular.