Formação dos dirigentes da administração pública para a governança: o contributo possível das tecnologias
Resumen
As Nações Unidas definem "governança" como "os mecanismos, processos, relações e instituições através dos quais cidadãos e grupos articulam os seus interesses e obrigações e medeiam as suas diferenças". Em tempo de complexidade, na sociedade do conhecimento, as práticas de avaliação de desempenho, accountability, empowerment, participação e responsabilidade partilhada, orientação para o consenso, trabalho em rede e inovação espelham este conceito de governação, determinando uma nova dimensão para o perfil de competências necessárias aos actuais dirigentes públicos. Urge lançar um olhar diferente sobre competências chave dos dirigentes relacionadas com o "saber pensar", fundamentais para a definição da estratégia, o planeamento e a visão global das suas organizações, e com o "saber desenvolver" o potencial das equipas e dos colaboradores, bem como criar um ambiente propício à mudança e à inovação. Todavia, bom número de programas de formação de dirigentes centra-se ainda na aquisição de conhecimentos técnicos de gestão, negligenciando o desenvolvimento em paralelo das competências societais impostas por este paradigma de gestão pública e pela cultura administrativa que lhe está subjacente. Nesta apresentação procurar-se-á analisar o modo como diversas soluções tecnológicas, e a Web 2.0 em particular, suportam novos modelos de aprendizagem que criam condições para o desenvolvimento de comunidades de dirigentes dotados de competências para actuar no contexto da governança e gerir melhor a utilização das tecnologias em situações tão diversas como concretizar a administração electrónica, apoiar processos de mudança e inovação ou dinamizar equipas em ambientes virtuais. Procurar-se-á igualmente mostrar como estas soluções se encontram estreitamente associadas à interiorização de estratégias de aprendizagem ao longo da vida e à aprendizagem informal, contribuindo para desenvolver uma cultura de aprendizagem organizacional e o papel dos dirigentes nestes domínios. Procurar-se ainda mostrar como os dirigentes comprometidos com modelos de gestão centrados na eficiência limitam as possibilidades do aparecimento de uma cultura de aprendizagem organizacional, mesmo que a organização disponha dos meios tecnológicos necessários para apoiar processos de aprendizagem formal e informal assentes nas TIC.