Estratégia, planejamento e organização do governo eletrônico no Brasil: situação atual, problemas e perspectivas
Resumen
O trabalho analisa a construção da agenda, o planejamento, a estrutura organizacional e a implementação do governo eletrônico como política pública, desde 2000. Sugere que a trajetória do governo eletrônico registra importantes realizações na formulação de uma visão estratégica abrangente sobre o tema, na condução da política por uma instância inserida de forma privilegiada na Presidência da República e na definição de uma agenda de projetos transversais de grande potencial de impactos sobre o conjunto da administração pública. A implementação foi afetada pelo enfraquecimento da capacidade de liderança e mobilização sobre os ministérios, em grande medida devido a mudanças no arranjo de poder que deu sustentação inicial à política. Mas outros fatores também são indicados como responsáveis pela dificuldade do programa brasileiro em aprofundar a implementação dos seus projetos transversais, sobretudo para a transformação de estruturas e processos de trabalho da administração pública. São eles: a emergência de agendas concorrentes, a desconexão entre a agenda do governo eletrônico e a agenda da gestão pública, a dificuldade de coordenação dos projetos setoriais de informatização de grande porte, a pulverização dos investimentos em tecnologia da informação e a inadequação do perfil e da estrutura organizacional dessa área nos órgãos da administração federal. Para acelerar a implementação do governo eletrônico numa direção de crescente amadurecimento, o autor indica a necessidade de atualizar e consolidar a visão estratégica para obter convergência e sinergia com as políticas de inclusão digital, sociedade da informação, comércio eletrônico e gestão, alinhando-a com a visão do governo como um todo.