As instituições nacionais de estatísticas e os estaticistas: um profissional peculiar ao Estado

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Data
2005-10Autor
Araújo, Maria Angélica Vasconcelos de
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Este artigo aborda as instituições nacionais de estatística e a natureza daquilo que é seu principal produto: a informação estatística pública e oficial. Trata questões importantes que se mesclam em meio a um conjunto de outras tantas que conformam o escopo da sociologia das estatísticas, um campo de pesquisa ainda recente, mas que vem ganhando espaço no mundo, especialmente entre pesquisadores da área acadêmica. É uma terminologia que eleva o pensamento estatístico, oferecendo ao pesquisador um modo diferente de pensar a própria estatística, de olhá-la mais na intimidade, tomando-a como objeto de estudo e não apenas como um meio de análise. Ambas, instituição e estatísticas, carregam a fama de que são o espelho de seus países com suas peculiaridades e especificidades. As estatísticas vêm da idéia de Estado e se desenvolveram nesse âmbito para dar conta das dinâmicas de governo e do estado das coisas das sociedades. São mensurações construídas da realidade, daí sua promessa de objetividade. Sua principal função é apreender mundos distantes e levá-los até os decisores, revelando-os com vistas a orientar e estimular o processo de decisão, principalmente no que toca às políticas públicas de governo. Falar do processo de elaboração das estatísticas pressupõe tratar das relações de poder que permeiam e antecedem todo o processo de pesquisas, envolvendo atores e agentes que nele atuam direta ou indiretamente. Ao fim e ao cabo, as estatísticas produzidas devem realçar as marcas da relevância, abrangência, comparação e combinação. Os profissionais que atuam nesse âmbito provêm de diversas áreas de conhecimento (economia, sociologia, antropologia, geografia, cartografia, informática, estatística, etc.) e sua formação se dá dentro da instituição estatística. Ao adentrarem as fronteiras dessa organização com sua própria cultura profissional, inclinações e preferências eles conformam uma aliança de saberes, assumindo um caráter interdisciplinar. Uma vez dentro do instituto, eles adquirem mais conhecimentos, só que produzidos in locus no convívio com a natureza específica das pesquisas que geram as estatísticas em suas diversas etapas. Os estaticistas, como são chamados esses profissionais, formam uma categoria profissional também muito peculiar e específica. Não existe no mercado brasileiro nenhum curso que dê conta do saber necessário ao ofício do estaticista. O recém-saído da universidade não está preparado para atuar no INE logo que chega. Daí a necessidade de formar suas competências, levando em conta os conhecimentos, habilidades e atitudes requeridas por uma agência estatística em conformidade com as mutações que ocorrem nas sociedades. Conforme trata o artigo a natureza da atividade de produção e disseminação de informações estatísticas públicas e oficiais demanda um profissional, cujas características revelam se tratar de uma função no âmbito do Estado.