Responsabilidade social, governo e empresas: papéis complementares ou compartilhados?

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Data
2004-11Autor
Silva, Ronaldo André Rodrigues da
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O ensaio busca apresentar as diferenciadas relações existentes entre os processos de gestão empresariais e responsabilidade social. A idéia central consiste em apresentar três momentos sócio-históricos que geraram ações e determinaram distintas fases para a construção das relações sociais e da sustentabilidade do negócio. Parte-se de uma proposta a qual pretende desenvolver a trajetória de ação social de uma organização a partir das experiências desenvolvidas no decorrer das atividades em seus 90 anos, tendo como ponto central a responsabilidade social. Nesta trajetória procura-se desvelar diferenciações acerca das formas de atuação em diferentes momentos temporais, além de constituir relações com órgãos estatais que transitam entre complementares e compartilhadas. A primeira fase, no início de suas atividades, tais relações desenvolviam-se a partir do core business, mas também focavam aquelas de desenvolvimento social que levavam em consideração ações de cunho comunitário e de desenvolvimento da cidadania. Nesta fase a empresa responsabilizava-se por certas questões de gestão pública, pois as mesmas não se encontravam estruturadas nos diversos níveis de gestão estatal. Em uma segunda fase, em meados do século XX, a empresa passa a compartilhar com o governo as ações sociais, em função do desenvolvimento e ascensão do welfare state, e, muitas vezes tem repassada a este as funções de desenvolvimento social e infra-estrutura urbana cujo foco de ação estatal passa configurar em uma gestão estratégica de recursos naturais, sendo mesmo monopolista. Ao final, desde a última década do século XX aos dias atuais, a empresa retoma, não exclusivamente, mas em compartilhamento com o Estado, diversas formas de atuação que a fazem novamente desenvolver atividades de desenvolvimento social e cidadão. Esta 'nova' caracterização de ação organizacional, no entanto, é desenvolvida de maneira diferenciada em relação ao primeiro período e tem como ponto central uma maior visibilidade de um envolvimento social em relação às comunidades de seu entorno, como também a construção de uma relação promoção de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. Tem-se a atuação organizacional, através do estudo de caso, percebida por diferentes formas de atuação e fases que se constituem segundo fatores históricos, sociais e mercadológicos. Interrelacionam-se ao fortalecimento e à centralidade tomada pelo modelo capitalista, seu entendimento e interpretação da dimensão social e dos conceitos de responsabilidade social. Leva a determinação de construções sociais e formas de atuação que estão co-relacionadas às práticas, políticas e estratégias do Estado. A busca pela gestão social e sustentável, ou pela concentração ou difusão de atuação de Estado e empresas, permite diferentes interpretações e análises do fenômeno responsabilidade social empresarial. Tais responsabilidades, complementares ou compartilhadas, tornam-se foco de discussão e de estratégias surgidas a partir de necessidades empresariais ou sociais.