Governo, organização e formação de dirigentes públicos
Abstract
Uma perspectiva diferente de governo. As organizações enquanto fenômenos lingüísticos/políticos. O que são organizações? Esta não é uma mera pergunta intelectual. Ela também é de índole prática. Formulamos a pergunta não só para descrever as organizações, como para abrir oportunidades de repensá-las e reestruturá-las (...). Afirmamos que as organizações não são meras instituições ou burocracias, mas são fenômenos políticos. Entendemos por `políticoï a reflexão acerca de como teremos que viver juntos socialmente. A política é a discussão através da qual determinamos nosso ser social. (...) As visões tradicionais, empíricas ou descritivas das organizações (que usualmente nos baseamos) deixam sem tocar o fenômeno propriamente enquanto tal." (Flores:1994) A forma de olhar a organização, simplesmente por intermédio de um modelo burocrático de produção, não ajuda muito a pensar novas maneiras de concebê-la. Apenas nos faz acreditar na perspectiva que, numa organização, governa-se de cima para baixo, isto é, as posições hierárquicas superiores tem a capacidade de governo e a governabilidade necessária para que as coisas aconteçam. Confunde-se poder formal com possibilidade real. Pouco sabemos das organizações enquanto fenômenos lingüísticos. A organização enquanto um fenômeno político, lingüístico, pode ser vista como um centro de múltiplos governos, quando concebemos governo como sinônimo de direção/ liderança e saber. Governa-se de diferentes posições dentro de uma organização. Cada posição define suas condições de eficácia e isto delimita e condiciona a capacidade de governar (capacidade de fazer) de uma organização. As teorias das organizações mais modernas, considerando a concepção acima e todas as transformações existentes no mundo moderno (principalmente o acesso à informação de forma veloz e em tempo), consideram os modelos de gestão baseados no estabelecimento de compromissos a forma mais eficaz e responsável de gestão pública, em contraposição ao modelo baseado em diretivas. O modelo de gestão por compromissos considera toda a fenomenologia da linguagem como fundamento da organização.