O processo de ampliação das capacidades dos gestores públicos pela formação de seus parceiros

Abstract

Já é bem conhecida (Putnam, Kliksberg) a relação existente entre desenvolvimento regional e capital social. Diversos autores destacam que, dentre os fatores envolvidos na composição deste capital destaca-se os processos de aprendizado coletivo. Atente-se que existem diversas formas para realizar tal aprendizado, e que a motivação para que ocorra decorre das mais variadas origens, e que alguns estudos apontam para a necessidade de uma melhor articulação na produção e difusão deste conhecimento.

Por outro lado, os atores que participam do espaço público como pertencentes a cadeia produtiva governamental devem desenvolver abordagens inteiramente novas para gerenciar os processos essenciais de negócios, buscando interagir com os usuários e outros atores e demonstrar como as funções do Estado criam valor para o público.

Quanto à organização pública municipal, destaca-se que não se pode imaginar a convivência desta com os níveis de complexidade e transformações ambientais sem que haja uma grande mudança comportamental dos servidores, o que passa necessariamente por sua capacitação. Conforme Levy (1997), é necessário capacitar os funcionários responsáveis pela formulação e implementação das políticas públicas, de forma a integrar conhecimentos diversos que permitam escolhas estratégicas e eficientes; é necessário qualificar os quadros para a negociação, dotando-os de forte propensão para escutar os diversos atores, suas propostas e, acima de tudo, tornando-os capazes de construir alianças estratégicas, entre esses e o poder público. Porém, conforme Gaetani (1998), a consciência do papel a ser desempenhado pela capacitação de recursos humanos, como condição essencial para a formulação de novos arranjos institucionais, indispensáveis para a regeneração do aparato do Estado, ainda não se consolidou no setor público.

Este trabalho relata a experiência de um curso superior de formação de administradores do Banco, cujo objetivo explicito é formar profissionais para que atuem como transformadores e consultores em organizações públicas. O programa de formação implementado e operacionalizado pela Fundace-FEARP/USP junto ao Banco busca desenvolver não apenas habilidades e capacidades negociais, mas também utilizar os valores e a cultura da organização e o alinhamento que estas possuem com o espaço público para viabilizar a atuação do banco como um agente educador e formador dos seus clientes na área governo.

Tendo formado mais de 140 gestores, a experiência mostra que ao definir seu "espaço educativo", há um direcionamento para que se compartilhe a experiência e o conhecimento da empresa, impactando toda a cadeia produtiva governamental, e permitindo que os demais agentes aprendam e ampliem suas próprias capacidades.

Este processo de aprendizado compartilhado, além de ampliar o capital social, permite que surjam melhorias em todas as interfaces, desde os processos administrativos até a proposição de soluções inovadoras em políticas públicas.