Critérios para a avaliação da criação de valor pela concessão de micro-créditos : a visão dos economistas versus a visão dos financistas
Resumo
Economistas possuem uma predileção pela taxa de lucro como variável fundamental para avaliação de investimentos. A descrição da tendência à equalização das taxas de lucro em Marx é um exemplo da importância que economistas atribuem ao conceito de taxa de retorno.Outro exemplo pode ser encontrado em Keynes onde o montante de investimentos que os capitalistas desejam realizar depende da comparação da eficiência marginal do capital, que é uma taxa de retorno, com a taxa de juros. Na década de noventa consolidou-se como força hegemônica entre os financistas a metodologia do fluxo de caixa descontado que se resume em privilegiar um montante de valor e não uma taxa de lucro, como costumava privilegiar os economistas. O objetivo deste artigo é explorar as metodologias que priorizam montantes como o fluxo de caixa descontado e o valor econômico adicionado como as melhores medidas para avaliar-se a concessão de micro-créditos. Como não existem capitais próprios envolvidos os micro-créditos não precisam se preocupar com o custo de oportunidade do capital, sempre mais caro que o custo do endividamento e o valor econômico adicionado pode ser calculado utilizando-se de demonstrativos contábeis já existentes. Ao se libertarem das amarras da procura pela maior taxa de lucro os micro-empreendedores podem se concentrar na função de gerar empregos, desde que o valor econômico adicionado seja nulo ou positivo.