Observatório da inovaçao social
Resumen
Como parte do processo de democratização assistimos à recomposição do tecido social, às lutas contra a exclusão e pela expansão da cidadania. Esta geração de um público social revigora a sociedade civil e cobra mudanças em relação à institucionalidade do Estado. Assiste-se, ainda que de forma fragmentada, à geração de estruturas e processos estatais capazes de refletir e impulsionar deslocamentos do poder político em direção a grupos populacionais, espaços territoriais, esferas administrativas e setores anteriormente alijados pelo bloco no poder. Cabe destacar a substituição de estruturas de representação centralizadas e monopólicas por uma configuração policêntrica, na qual o processo decisório e a implementação de políticas públicas passam a envolver maior dispersão de poder com a incorporação de interesses diferenciados. A geração de redes associativas como formato predominante na estruturação da esfera pública vem requerer uma nova tecnologia gerencial capaz de gerar processos sinérgicos entre as instituições estatais democratizadas e as organizações da sociedade que, por se basearem no alcance de bens públicos por meio das relações de confiança e de cooperação, geram maior capital social. A tensão entre autonomia e inserção dos interesses em uma ação política é inerente e constitutiva da Sociedade Civil. Sem dúvidas, ela também se coloca da mesma forma em relação ao Estado, cuja autonomia e inserção parecem ser as condições imprescindíveis para gerar sinergia nas relações Estado/Sociedade Civil. No entanto, se os sujeitos sociais -públicos e privados- reunidos na esfera pública buscam uma ação efetiva, esta ação, para além da racionalidade comunicacional, das estratégias de aliança e negociação, reivindica uma ação instrumental que seja capaz de levar ao resultado desejado. Parte destas ações se desenvolvem em âmbito privado e outra parte significativa em âmbito das políticas públicas. Se a reconstrução da esfera pública é um processo de mudança ao nível social e organizacional, ele vai requerer o desenvolvimento de inovações sociais e tecnológicas, capazes de incorporar novos atores ao processo, novas demandas a serem contempladas, novos papéis à antigos atores. A inovação gerencial pode se dar em termos de invenção de novas idéias, conversão desta idéias em produtos e processos e sua difusão e aprendizagem organizacional. Esta perspectiva nos remete a pensar as transformações na esfera pública desde o ponto de vista da reforma do Estado e da governabilidade democrática, remetendo a produção científica à busca de instrumentos capazes de observar e analisar as experiências inovadoras.