Democratização do ensino médio no Brasil? Problemas levantados por um estudo de caso no interior da Bahia, Brasil

Abstract

Após a expansão da educação fundamental, implementada pelo governo brasileiro na década de 90, a partir do século XXI, esse processo envolve a educação básica em geral. A universalização permitiu a inclusão de jovens de baixa renda na rede pública, inclusive no ensino médio. Vale destacar que a geração dos pais dos jovens de baixa renda, hoje no ensino médio, dificilmente teve oportunidade para alcançar esse grau de estudo. Mas a universalização traz preocupações com a qualidade do ensino desenvolvido. Pois os dados registram problemas como a evasão, a baixa classificação das escolas em virtude das notas insuficientes dos estudantes nos exames nacionais de avaliação, a elevada frequência de casos de distorção idade-série etc.

O artigo apresenta dados de estudo de caso em uma escola de ensino médio no interior da Bahia, estado com frágeis índices de aproveitamento dos estudantes. O objetivo foi analisar as notas e frequência de estudantes, de 2012, da única escola pública de ensino médio no município. O resultado é o impressionante contraste entre a avaliação dos professores (notas altas para a maioria dos alunos) com os baixos índices obtidos pelos estudantes dessa escola nos exames de avaliação nacional e estadual. Essa contradição se explica por problemas no âmbito da escola, como a falta de autoridade da direção ou a didática dos professores.

O trabalho também traz depoimentos de estudantes, apontando problemas no processo de aprendizagem, assim como na aplicação dos exames de avaliação. Os problemas desses exames fazem com que seus resultados, em vez de informar, confundam a realidade do aproveitamento escolar, prejudicando o monitoramento ou a formulação das políticas, voltadas para a educação de qualidade e a democratização da escola pública.