Desigualdades em saúde na população brasileira: uma análise comparada a partir das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios 1998 e 2003, com foco em Minas Gerais

Abstract

Trata-se de uma análise comparada das desigualdades de acesso aos serviços de saúde entre o período de 1998 e 2003 com uso das PNADS a nível nacional, com foco no estado de Minas Gerais. Analisa-se os efeitos dos atributos individuais como sexo, idade, raça, renda, escolaridade e ocupação; fatores geográficos como residência, estado e região; fatores capacitantes como cobertura de Plano de Saúde e necessidades dos serviços como autopercepção de saúde, problemas de saúde. Os dados utilizados são provenientes da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar - PNAD, referente aos anos de 1998 e 2003, que contém módulos específicos da área de saúde.

A análise dos dados é processada com uso de metodologia quantitativa com aplicação da regressão logística (análise multivariada). Observa-se que o padrão de acesso aos serviços de saúde não apresenta significativas alterações entre 1998 e 2003 prevalecendo que mulheres, residentes em áreas urbanas e regiões ricas do país apresentam um maior acessibilidade, com um resultado contra-intuitivo favorável aos não brancos.

A cobertura por plano de saúde é a variável explicativa de maior peso na determinação do grau de acesso aos serviços, enquanto a autopercepção do estado de saúde apresenta uma associação negativa. Para Minas Gerais observa-se uma reprodução do quadro de desigualdades de acesso aos serviços de saúde encontrados a nível nacional, mas com um agravante de que o estado ocupa para 2003, em relação aos outros estados componentes da região sudeste, a última posição em termos de probabilidades de acesso.

Ou seja, residir em MG diminui as chances dos indivíduos de acesso aos serviços de saúde em comparação aos demais estados da região Os resultados indicam um paradoxo entre a proposta de universalização do SUS e a manutenção da estratificação do acesso aos serviços de saúde no Brasil.