Educação em saúde: identidade reencontrada

Abstract

Os avanços na legislação, resultantes do movimento da reforma sanitária, que, de forma decisiva, encaminhou a reformulação do Sistema de Saúde Brasileiro - através da Lei Orgânica 8080/90 pelos seus princípios e diretrizes e, posteriormente, através da Lei 8142/90 que dispõe sobre a participação social em caráter deliberativo - impõe ao setor saúde, bem como ao setor de formação de profissionais que atuam nesta área, repensar e encaminhar modificações no modelo de atenção à saúde até então vigente. Novos construtos da ciência que demonstram a necessidade de se repensar ações de educação e de saúde como fundamental no processo de saúde-doença, envolvendo outros níveis da existência humana, até então relegados ao segundo plano, tais como emoção, sentimentos, intuição e subjetividade, e de que o processo saúde-doença é uma co-produção que se faz com o outro, fez com que buscássemos alternativas metodológicas para dar conta na Educação e Saúde da revisão de procedimentos técnicos, ao mesmo tempo em que enfocamos o cuidado do cuidador, no sentido de habilitá-lo ao exercício de sua cidadania. Para tanto, fez-se necessário envolver os participantes das oficinas de educação em saúde na aprendizagem de uma escuta colaborativa e no desenvolvimento de uma conduta de acolhimento e amorosidade com o Outro, propiciando a construção solidária de mútuo conhecimento. Entendendo acolhimento como arte de interagir e construir algo em comum nas relações com o "Outro" e com o "Mundo Natural" vamos descobrindo nossa humanidade como resultante de uma tríplice aliança entre as relações indivíduo-sociedade-espécie. Buscamos também, ampliar a compreensão de saúde na perspectiva paradigmática da transdisciplinaridade, enfocando a religação dos saberes necessários, referenciada no pensamento complexo e a ressignificação dos sentidos e percepções sensoriais na construção biológica e cultural do conhecimento que orienta o cuidado humano; bem como dialogar sobre a educação e saúde como práticas socioculturais, historicamente situadas, viabilizando formas de integrar estas dimensões a projetos de formação de indivíduos cônscios de seus deveres e direitos para uma vida saudável e para o exercício de uma ética que comporte os aspectos da responsabilidade pessoal, da convivência social e da conservação de um ambiente planetário de destino comum.