O desafio da formação do gestor socioambiental

Abstract

Este trabalho vai abordar o Projeto TAMAR, o programa de proteção das tartarugas marinhas realizado desde 1980 em 20 bases operacionais localizadas em pequenas comunidades litorâneas de 08 estados do Brasil, a evolução da sua atuação e o desafio em formar gestores para a sua nova fase.

Sob um regime híbrido entre o Estado e o Terceiro Setor, envolvendo respectivamente o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis -IBAMA e a Fundação PRÓ-TAMAR são executadas políticas e atividades consideradas essenciais para a proteção das tartarugas marinhas. A constância de um dos atores tornou-se condição sine qua non para o estabelecimento de valores de credibilidade, respeito e laços de confiança com as comunidades inseridas na área de atuação do Projeto TAMAR.

O Projeto TAMAR, durante seus 20 anos de existência, evoluiu de uma perspectiva strictu sensu ambientalista para socioambiental. Evidencia-se a continuidade das atividades, que proporcionaram o amadurecimento das relações entre o Projeto TAMAR e as comunidades e, como conseqüência, o surgimento de processos de inclusão social. De fato, cerca de 680 pessoas encontram-se vinculadas diretamente às ações promovidas, quer seja na área de conservação das tartarugas marinhas quer seja na área produtiva, de criação de alternativas econômicas locais para sustentabilidade. Em estágio mais avançado, atinge-se também outros beneficiários indiretos ligados a prestação de serviços que valorizam a conservação dos recursos naturais e beleza cênica, como o setor do turismo.

O Projeto TAMAR sofre tal evolução operando dentro de uma pluriculturalidade, agregando características das diversas culturas locais, realizando ações que promovam a conservação da biodiversidade imbricadas no respeito às tradições locais, distribuição geográfica, captação de recursos e gestão da informação.

O desafio de se formar novos gestores e lideranças que sejam os multiplicadores e comunicadores nas diferentes funções gerencias e de execução será o último item da abordagem.Os responsáveis pela gestão institucional, de técnicos, das unidades de produção e agentes locais devem reunir algumas características necessárias à consecução das necessidades ou ao enfrentamento dos desafios que apresentam-se ao Projeto, a exemplo da busca pela sinergia institucional e com a comunidade, conciliar a conservação ambiental, a inserção social e a eficiência econômica além de buscar o consenso entre atores com interesses diversos nos desafios da conservação ambiental.

Um executor de base do Projeto TAMAR é antes de tudo um gestor socioambiental. Ele deve ser um entusiasta pela causa com certo grau de messianismo, possuindo a capacidade de multiplicar a cultura organizacional, apresentar "resistência" emocional, fácil sociabilidade, ser um eterno aprendiz, trabalhar de maneira horizontal compartilhando equipes e redes, ser capaz de gerir crises e apresentar visão sistêmica e multidisciplinaridade.