A nova classe média no Brasil: características e limites do fortalecimento do mercado interno no contexto contemporâneo
Abstract
O objetivo do trabalho é analisar a ampliação da capacidade geral de consumo no Brasil levando-se em consideração o incentivo ao mercado interno como estratégia de desenvolvimento do país, medida adotada pelos governos Lula e Dilma. Na primeira década dos anos 2000, esta estratégia promoveu uma expansão significativa do mercado interno brasileiro, com o poder de compra da população chegando à casa dos R$ 2,2 trilhões no ano de 2010. Essa cifra, nunca antes alcançadas, indicam uma mudança nas dinâmicas de consumo no país, permitindo inclusive a identificação de um novo segmento social, que os institutos econômicos e a imprensa tem chamado de de nova classe média. Essa nova parcela de consumidores surge com respaldo do governo e da iniciativa privada em duas frentes. Primeiro, por meio dos programas de distribuição de renda, do programa de aceleração do crescimento (PAC), dos megaeventos (Olimpíadas e Copa do Mundo) e da entrada de investimentos estrangeiros, que fomentam a atividade econômica no país, gerando empregos e movimentando o mercado interno. Segundo, com a redução da carga tributária de uma série de produtos e também na facilidade que as entidades financeiras têm oferecido para o crédito à pessoa física, como a baixa da taxa de juros. Nesse contexto, cabe analisar os comprometimentos e as limitações da criação dessa nova classe média, considerando-se as condições em que se dá o seu consumo e a sustentabilidade das ações governamentais de expansão do mercado interno.