Formação de dirigentes públicos em ambientes de alta complexidade. A capacitação em planejamento estratégico governamental: um tema excêntrico ou um atributo fundamental para a boa governança?
Abstract
As intensas transformações no mundo do trabalho, as novas atribuições e demandas sobre o Estado e os novos avanços tecnológicos, em particular na tecnologia da informação, tem colocado novos problemas sobre a formação de dirigentes do setor público. O debate ao longo dos anos oitenta e noventa entre as várias correntes pedagógicas não esgotou o problema das competências e saberes necessários à boa governança do Estado. No centro destes antigos problemas epistemológicos está o tema da complexidade da ação pública, manifestada pela baixa governabilidade institucional, nos projetos de governos sempre inacabados e no nosso déficit crônico na capacidade de governar. Temas como a crise financeira mundial, a natureza instável da democracia ou a produção de políticas públicas com equidade são exemplo de lacunas na agenda dos processos formativos da alta gerência pública em nossos países. Na maioria das vezes nossos processos são burocráticos, administrativos e monótonos. A complexidade da decisão pública e o tema da liderança - como auto-consciência e auto-gestão - são estratégicos nesta polêmica. Este artigo problematiza os processos tradicionais de formação em Planejamento Estratégico, exatamente porque as concepções tradicionais, excessivamente normativas e racionalistas, secundarizam o problema da complexidade decisória e a da formação de lideranças: na dimensão pedagógica, didática e epistemológica. Como pequeno, mas emblemático exemplo, de uma nova possibilidade formativa em Planejamento Estratégico Público, é analisada a experiência recente da "Escuela Iberoamericana de Administración y Políticas Publicas", patrocinada pelo CLAD, na sua primeira edição do "Curso de Planificación Estratégica em el Contexto Iberoamericano", realizado na República Dominicana, em 2008.