Gestão integrada e liderança: o papel do gerente equalizador

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Date
2009-10Author
Cavalcanti, Bianor Scelza
Tavares, Elaine
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Este artigo examina diferentes aspectos da gestão integrada, dando especial ênfase ao papel da liderança e da gerência equalizadora no processo de integração. Parte-se da idéia de que a eficácia da implementação de planos e programas é condicionada pela capacidade de gestão pública integrada, orientada para as relações interinstitucionais, intersetoriais e interorganizacionais. O papel das lideranças identificadas com a atuação integrada revela-se essencial. A criatividade e o espírito empreendedor destes gestores são elementos determinantes da capacidade integrativa. São pessoas que não paralisam mediante restrições internas organizacionais, mas enxergam nestas restrições desafios a serem superados e fazem delas fatores motivadores para a busca de soluções inovadoras. Reforça-se assim a idéia da improvisação como aspecto fundamental da modelagem. Pela metáfora da bricolage traduz-se a importância da habilidade do gestor de identificar e articular recursos potenciais, de forma que tais recursos possam ser definidos de uma maneira mais ampla, explorando criativamente possíveis substituições e combinações. Esta idéia é complementada pela metáfora da equalização, que mostra que o administrador, mais do que um "improvisador", é um "equalizador", uma vez que a equalização é uma "praxis" da ação gerencial transformativa. Para melhor compreensão da necessidade e dos benefícios da integração, bem como para ilustrar o papel do líder na promoção de iniciativas integradoras, o artigo apresenta um projeto em curso no Brasil, no Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Planejamento, de uma articulação federativa, que tem como objetivo a integração consistente de esforços e recursos estaduais e nacionais para o planejamento e implantação de projetos de infra-estrutura de interesse comum. Almeja-se o desenvolvimento de projetos nacionais e regionais, por meio da articulação e mobilização de esforços e recursos estaduais e nacionais e também pela reunião de recursos públicos e privados. Essa iniciativa de gestão integrada nasce da visão de lideranças empreendedoras e equalizadoras. Sua idealização surge da perspectiva de que os Estados da Federação podem auxiliar o Governo Federal, por meio de um planejamento down-top. Nasce como uma alternativa de superação das dificuldades para a formação da infra-estrutura e vislumbra na integração uma forma de otimização de esforços e recursos. Sua própria concepção já é integradora, na medida em que é oriunda de um conselho de secretários estaduais de planejamento. Transcende a integração na esfera do governo, e expande suas fronteiras para a interligação da iniciativa privada, como financiadora e beneficiária dos projetos a serem executados. Seu ideário tem como pano de fundo a perspectiva de que as barreiras internas de cada órgão podem representar oportunidades para o desenvolvimento da infra-estrutura, por meio da ação conjunta de secretarias de Estado, do Governo Federal e da iniciativa privada, ativadas as relações pela gestão equalizadora de administradores atentos às sempre presentes incongruências estruturais, de ordem interinstitucional e interorganizacional.