O governo eletrônico no compartilhamento e na construção coletiva do conhecimento
Abstract
As iniciativas de Governo Eletrônico são imprescindíveis para ampliar a transparência do Estado, tornar a vida das pessoas e das empresas mais fácil e o custo do país mais barato. Mas acima de tudo é preciso que o Governo Eletrônico seja um instrumento para a promoção da cidadania. Caso contrário, contribuirá para ampliar ainda mais as desigualdades da nossa sociedade. A América Latina, em especial, precisa trabalhar muito fortemente para incluir as classes sociais menos privilegiadas, em detrimento das classes A e B que hoje são as principais beneficiárias desses serviços. O mundo dos incluídos está muito bem atendido. Porém, o mundo dos excluídos digitalmente precisa de políticas capazes de mudar essa realidade. Caso contrário, estaremos promovendo um Governo Eletrônico elitizado, voltado aos segmentos que socialmente já têm acesso à educação e à cultura. As tecnologias da informação podem facilitar muito a vida das pessoas das classes C, D e E que são aquelas com mais dificuldades para se deslocar até uma repartição pública, para as quais perder um dia de trabalho impacta muito mais no seu salário que quando um executivo não pode comparecer ao seu escritório. Ampliar o uso das tecnologias da informação envolve ainda o desenvolvimento de serviços acessíveis a todas as pessoas, independentemente de suas capacidades físico-motoras. A acessibilidade é uma das questões mais relevantes na política de Governo Eletrônico porque talvez as pessoas que mais possam se beneficiar desses serviços são justamente àquelas portadoras de necessidades especiais e para as quais o deslocamento é sempre mais complicado e difícil. Dada a velocidade das mudanças que vem ocorrendo no mundo, também é muito importante ter uma visão mais ampla de Governo Eletrônico que diz respeito ao fortalecimento dos espaços de compartilhamento da informação, de difusão do conhecimento, da criação de comunidades de prática especializadas e no fortalecimento da cooperação porque o mundo muda muito rápido e é cada vez mais complexo. É fundamental que a cooperação faça cada vez mais fazer parte das ferramentas de trabalho, tanto para dentro de um mesmo governo quanto entre os diferentes países. A informação é vital na construção da base cultural e comportamental de uma nova sociedade e de um novo modelo de gestão pública. Então, gerenciar o conhecimento é fundamental para o sucesso do Governo Eletrônico, seja na sua disseminação entre integrantes de uma organização, seja para a transparência do Estado em relação à sociedade. Se o governo não acessa o conhecimento que produz, não há como disponibilizá-lo à sociedade de forma organizada, inteligível e com uma linguagem acessível. Nesse sentido, o Governo Eletrônico não pode estar desvinculado de uma forte política de inclusão social, de promoção dos direitos do cidadão e de compartilhamento do conhecimento, o que passa também pelo aumento da demanda por serviços eletrônicos. Para isso, é preciso ampliar o universo dos incluídos digitalmente e promover um Governo Eletrônico acessível para todos. São essas diretrizes que devem nortear os gestores de Governo Eletrônico no continente Latino-Americano.