A construção social das políticas de desenvolvimento nacional: uma perspectiva crítica do papel das elites e da hegemonia macroeconômica no caso brasileiro
Abstract
O presente trabalho procura analisar a construção social das políticas públicas. Nosso foco se refere ao papel que elites de governo e acadêmicas têm na construção de agendas de estabilização e de desenvolvimento, bem como nas alternativas a uma possível construção autocentrada. Nesse sentido, os espaços de governo, longe de serem percebidos como fóruns de exercício de uma vida republicana na construção de alternativas de desenvolvimento, seriam conformados, após o processo de redemocratização que se espraiou na América Latina a partir dos anos 80, à égide das políticas macro-econômicas. Buscamos assim, verificar, em que grau a problemática do desenvolvimento e do provimento de bens de cidadania teriam como fator crítico e estruturador, uma construção estabelecida a partir de uma complexa rede social, articulada em um processo histórico onde a hegemonia das idéias condicionasse de forma radical o acesso aos espaços de poder, bem como o contorno das agendas daí derivadas. O caso brasileiro funcionará aqui como proxy dos países em desenvolvimento. Assim, a fim de alicerçar empiricamente nosso estudo, promoveremos a reconstituição e o mapeamento analítico de redes sociais centrais à gestão de políticas do Banco Central do Brasil no decorrer de 10 anos. Em seguida, na busca de alternativas, discutiremos brevemente a experiência do Conselho de Desenvolvimento Social, em sua capacidade de mitigar a influência dessa rede sobre a questão do desenvolvimento.