A nova administração para o desenvolvimento
Abstract
A insatisfação com as estruturas estatais é um fenômeno generalizado da nossa época. Pelas mais diversas razões, o descontentamento social vai minando a autoridade moral que o detentor da regência social precisar ter. Aprofunda-se a brecha entre as expectativas da comunidade e o que o Estado lhe oferece. Prevalece a percepção de que o Estado é uma estrutura pesada e onerosa que não justifica sua presença. Sua atuação quotidiana está muito distante do papel que a teoria política e as leis lhe atribuíram para justificá-lo ou, quando menos, para explicá-lo. O texto analisa a crise do Estado contemporâneo e as soluções aconselhadas para sua superação. Considera, no entanto, que as fórmulas utilizadas na década de noventa procuram chegar a um Estado eficiente, nos moldes das reformas do Estado tentadas nos países desenvolvidos. Afirma que essas medidas não resolveram a crise do estados nos países latino-americanos. Analisa, a seguir, a experiência desenvolvimentista vivenciada pelo Brasil entre 1950 e 1980 e destaca a filosofia de atuação do estado que sustentou o processo, baseada no pensamento de Raúl Prebisch e Celso Furtado. Verifica que o Estado cumpriu, nesse período, um papel adequado às variáveis do contexto e que estimulou o processo de desenvolvimento e orientou toda a estrutura estatal nesse sentido. Examina, para isso, a "administração para o desenvolvimento" como teoria que foi elaborada em função das circunstâncias que América Latina, e o Brasil em particular, viviam naquele momento. Após criticar a reforma do Estado da década dos noventa, o artigo indica as variáveis que devem ser observadas para que a administração pública possa cumprir adequadamente o papel que dela se espera nas presentes circunstâncias.