A formação dos dirigentes no centro da modernização dos governos públicos
Abstract
A administração tributária paulista pode entrar, agora, num novo estágio de modernização, que lhe permite cumprir sua missão dentro da organização do Estado e fazer frente aos desafios que a própria modernização apresenta, dado que já cumpriu a fase de modernização tecnológica. Esta fase do processo demanda uma capacitação que permita colocar a cultura institucional (entendida aqui como conjunto de valores, crenças, missões) em equivalência com as novas tecnologias, para repensar o futuro da coordenadoria e gerar, assim, novas práticas de trabalho. A mudança da cultura institucional depende, certamente, da transformação dos perfis profissionais dos profissionais em geral, mas, fundamentalmente da mudança do perfil da alta direção. Por que a formação dos dirigentes é tão importante? As novas práticas de trabalho devem refletir a visão de uma gestão moderna que enfrenta os dilemas colocados para a administração tributária do futuro. O modelo burocratizado de gestão não permite o desenvolvimento de novas potencialidades, já que o desenvolvimento de sujeitos criativos só é possível quando as práticas de trabalho abrem espaço para o emprego das novas concepções. Como conseqüência, a reforma só pode ser promovida pelos dirigentes da organização que, como cabeça do executivo, deve ser modernizada em primeiro lugar, para que se eleve o teto que ela impõe à capacidade de governo da organização. Qual a capacitação necessária? A capacitação da alta direção é um processo de auto-reforma que não requer só consciência do problema, mas também capacidade cognitiva para enfrentá-lo corretamente, já que, em termos conceituais, é uma tarefa cheia de confusões. É um problema complexo, para o qual não é possível improvisar e não existe recurso de conhecimento em abundância. Penso que a definição do conteúdo de formação daquilo que podemos chamar de alta direção dos governos públicos ainda está em desenvolvimento. Tradicionalmente, a separação entre técnica e política tem sido uma das causas fundamentais do insucesso de iniciativas de formação de níveis dirigentes e, por conseqüência, da mudança da cultura institucional e da mudança das práticas de trabalho numa organização. Entendemos a administração pública como um ambiente de diferentes governos, onde diversos atores atuam e fazem-se representar, onde o recurso determinante da ação, portanto, é o político. Governa-se de diferentes posições na hierarquia administrativa e cada posição define suas condições de eficácia e isto condiciona a variável de capacidade para governar. Entender a administração pública a partir desta perspectiva, condiciona uma maneira distinta de pensar a formação do dirigente público e contribui na definição do conteúdo da formação de uma alta direção específica.