A distribuiçao de renda como instrumento alavancador do crescimento

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Date
2001-11Author
Silva, Marcelo Roque da
Basso, Leonardo Fernando Cruz
Pinho, Fernando José Martha de
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O mundo vem conhecendo nos últimos anos uma elevação em seu nível de desigualdade de renda. Ela está aumentando não somente entre os países, mas também no interior deles; além do aspecto ético e moral envolvido na questão, visto que o fato de a diferença entre os ricos (países ou cidadãos) aumentarem em relação aos mais pobres não é considerado benéfico por grande parcela das pessoas ao redor do planeta. O índice Gini -o mais conhecido para avaliar a desigualdade de renda- medido para o mundo subiu, segundo um estudo baseado em dados do Banco Mundial, de 62,5 em 1988 para 66,0 em 1993, significando um aumento considerável de concentração de renda mundial, tendência que está se acelerando. Este talvez seja um dos mais fortes motivos para os movimentos, contrários à globalização e ao capitalismo, que estamos presenciando desde 1999 com a manifestação em Seattle. Além do aspecto ético, a desigualdade implica, defendem alguns estudos empíricos, em uma redução do crescimento econômico do país. Há três teorias que tentam explicar por que as análises de regressão efetuadas em tais trabalhos, apresentaram uma forte relação inversa entre desigualdade e crescimento. A primeira delas afirma que, pelo fato de a desigualdade implicar em (maior) instabilidade política na nação, isto seria um fator redutor de investimentos, reduzindo o crescimento. De acordo com a segunda teoria, as falhas dos mercados de capitais impedem que empréstimos sejam feitos para os mais pobres. Isso torna muito mais difícil para eles a aquisição de capital humano, passível de elevar sua produtividade e a do país, o que não ocorreria caso a renda fosse melhor distribuída. A terceira teoria parte do princípio de que as pessoas têm poder sobre as políticas fiscais que são aplicadas pelos seus governos. Obviamente tal poder é significativamente maior em governos democráticos em relação às demais formas governamentais. Governos de países desiguais tenderiam a sofrer maiores pressões para efetuar uma mais elevada taxação sobre os ricos, e distribuir essa renda. Tal política desestimularia investimentos por reduzir o incentivo que os ricos tem em investir e acumular riquezas. Além de aumentar o crescimento econômico, o país que implementar programas eficazes para distribuir a renda também pode contar com outros possíveis benefícios, como a redução nos índices de desemprego, afetados por modificações na demanda agregada em favor de indústrias relativamente mais trabalho-intensivas; e também por um maior número de desempregados procurando emprego. Outros benefícios seriam elevação da produtividade dos trabalhadores, e consequentemente das empresas e do país; maior segurança do sistema político quanto a revoluções e perturbações diversas; elevação nos níveis educacionais da população; redução nos níveis de criminalidade, aumentando o bem estar de todos, até mesmo dos ricos; e maior eficiência e redução nos gastos governamentais com o sistema de saúde.