Para se entender a formaçao do administrador : um esboço analítico

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Date
2000-10Author
Mendes, Ariston Azevedo
Seixas, Renata O. Albernaz de
Grave, Paulo Sérgio
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Entender os motivos pelos quais a formacao de administradores - a nossa, nós mesmos - se apresenta de tal forma configurada pressupoe extrapolar os limites de simplesmente descrevê-la enquanto fato dado, evidente, acontecimento "sem" perspectiva histórica. Tal parece tem sido a tônica de alguns trabalhos no Brasil, que em sua maioria retém-se no evidente, no expresso, no aparente, sem ultrapassá-lo para compreender as verdadeiras razoes que substanciam tal formacao. Nós mesmo assim procedemos em momentos anteriores quando buscávamos compreender a prática atual do administrador. Limitava-nos, talvez por condicionamento, a acreditar no dado como o real intransponível ou inquestionável ou, por estarem tais razoes tao astutamente escondidas que éramos privados a encontrá-las, a dogmatizar a formacao do administrador - o currículo mínimo estabelecido, por exemplo, é o ponto de partida para o futuro, nunca para o passado que o fundamenta. Mas agora, na tentativa de superarmos a nossa própria inocência passada, interessa-nos entender por que somos assim e por que nao somos de outro modo. Desvelar os pressupostos que sustentam a formacao de administradores, para, desmistificando-os, ultrapassa-los. Entao perguntamos neste texto: seríamos como somos por que a proposta formacional instituída, expressa nas normas estatais, é a única possível para a formacao do administrador? Ou haveriam outras também possíveis mas que, no contexto ideológico-paradigmático-institucional, teriam sido rechacadas, logo, nao seria essa formacao a única possível, mas a única querida? Quais os fundamentos, os aspectos originais, que justificaram, se é que ainda continuam justificando, a consolidacao do tipo de administrador instituído e, conseqüentemente, do tipo de formacao a ele imposto? Sobre que pressupostos estao sustentadas a prática administrativa, a teoria que busca explicá-la - e, segundo alguns, também conformá-la - e a formacao que delas decorre? Se for ordem querida e nao ordem possível, querida para quem? Para que? Para a nossa empreitada, elegemos, assim, três objetos de estudo: a prática do administrador, as teorias que explicam ou conformam essa prática, e a formacao para essa prática ou norteada por essas teorias dominantes, manifestada no currículo oficial. Temos como hipóteses uma correlacao dinâmica entre esses objetos em todos os sentidos: teoria-prática-currículo. É sobre a institucionalizacao destes três objetos que trata este artigo.